sexta-feira, 25 de junho de 2010

Kamala - Penas de Fogo - Cap1: Filhos da Eternidade


Reika estava imaginando, o que ela fizera para ter tal destino. Não era a mulher mais bela, apesar de não ser feia. Não era a mais rica, sequer fazia parte de uma familia que possuía um nome. O que levou o deus do fogo, senhor da eternidade, o radiante Suzako, a escolhe-la como a mãe de seus filhos, que agora ela carregava no ventre.
Já tinha quase nove meses desde que aquele homem, se é que era um homem, apareceu diante dela. Ele a seduziu com palavras doces, encantou-a com um olhar misterioso e dourado. Depois ele a teve em seus braços, e pareceu durar a eternidade. Depois, na manhã seguinte, ele havia desaparecido, deixando uma carta, que explicava que ela logo daria luz a duas crianças muito especiais. Era isso que havia acontecido, e  ela se recordava de cada instante , de cada palavra, tamanha a intensidade. Estava extremamente ansiosa com o fato de se tornar mãe, não esperava que ocorresse da forma em que ocorreu.  Tinha algo muito mais simples em mente: um homem que pedisse a mão dela ao pai, um casamento, enfim. Mas por motivos que ela desconhece, e talvez nunca chegue a conhecer, será mãe dos filhos de um deus.
Estava chegando a primavera, mas o inverno ainda se mostrava muito vivo. O frio não permitia que Reika se distanciasse muito de casa, fazendo com que ela cessasse a venda das flores de Niko. Essas flores eram muito raras, porém atrás da casa de Reika existia um enorme campo delas. As flores de Niko tem a cor do brilho da lua, inspira coragem em pessoas jovens, para lutar por sonhos, e nunca desistir quando tudo parecer perdido. Reika compartilhava com as pessoas essas flores. “vender” não era o termo correto, pois ela as distribuía, recebia o pagamento como forma de gratidão dos viajantes que passavam por ali, e dos próprios cidadãos. Mesmo sem sair pela cidade para dar flores de Niko, reika ficava próxima de casa, para poder ver e conversa com as pessoas que via todos os dias, e de quem gostava tanto. Ela sentia que o dia do nascimento de seus bebês.
Numa manhã, em que a neve ainda cobria o chão, e escondia as flores de Niko, Reika acordou com fortes contrações,  que ela sentia de forma aguda. Sabendo que as crianças estavam para chegar ela tentou, sozinha, buscar alguma ajuda. Correu até a rua, porém sentiu uma contração forte demais, e desmaiou. Eram poucas passavam por ali naquele horário, porêm um homem que estava passando por ali, a acolheu, levando-a para um local mais adequado. Distante dali num casarão, típico de famílias nobres de Suzako, o misterioso homem levou Reika, que ainda estava em trabalho de parto. Imediatamente ele chamou uma criada, e deu as instruções para realizar o parto.
Confusa e ainda semi-consciente, Reika desperta, e não reconhece o local onde se encontra. Com a visão ainda turva, ela olha ao redor e vê o vulto de um homem lateralmente a ela, de cabelos azuis.
“Reiji-sama?” diz ela, ainda entorpecida.
“Não diga nada Reika-san. Você precisa repousar, se esforçou muito durante todo este tempo, e está de parabéns, é uma mulher muito corajosa”
“O que está dizendo?” Ela diz como se estivesseve acordando.
Reiji não disse nada, apenas olhou para a criada que estava presente no quarto. A mulher que aparentava ter seus cinqüenta anos de idade, foi até Reika e mostrou a ela duas crianças, que não estavam dormindo, mas também não estavam chorando. Nos dois pequenos era Possível perceber que tinham o cabelo vermelho, e seus olhos dourados cintilavam como se fossem brilhantes estrelas. Segurando firme seus dois filhos, Reika se senta, sentindo nesse momento, muito menos as dores que tinha sofrido até então. Ela sorriu a observar os dois, tão pequenos, frágeis, mas detinham a chama divina do Deus da Eternidade.
“Você está vendo não está, Suzako? Esses são seus filhos. Eu farei o melhor por eles, como sei que você faria, já que cuida tão bem de nosso povo.” Diz ela, orgulhosa de quem é.
O atual soberano da casa dos Satsumasa, Reiji , riu satisfeito, pois em seu intimo ele sentia que as coisas iam melhorar. O clã satsumasa se recupera da pior crise que já tiveram até então, depois que o assassino branco matou os filhos mais velhos do Satsumasa Onimaru, junto com as famílias dos mesmo. Apenas os filhos de Keisuke, Suishiro e Kimi sobreviveram ao fatídico dia, graças a Reiji, que agora cuida para reerguer sua familia. Algo dizia a Reiji que tudo iria dar certo dali em diante.

quinta-feira, 4 de março de 2010

História de Kamala - Ano 320 - Terceira Era - O despertar do tigre

Já havia dias que wataru estava sozinho dentro daquele quarto, em profundo estado de meditação. Mas por sua mente passavam os acontecimentos dos últimos tempos. Não sabia direito como, mas acabou mesmo fazendo uma forte amizade com aquele grupo: Koji, Kaji, Mizaki, Mika, Shizuka, todos se tornaram uma ramificação de sua família. Uma pessoa em especial o havia conquistado, mas ela não sabia, e ele evitou que ela soubesse, eram muitos problemas que eles enfrentavam, e seria muito egoismo da parte dele. Wataru tentava sentir como mayumi se sentia, mas conseguia isso de forma muito vaga. Ele sabia o que tinha que fazer, mas não podia pensar nisso agora, devia se concentrar para o ritual de maioridade e para o ritual.
Do lado de fora do quarto onde wataru estava encontravam-se uma sério de monges, ecoando mantras de forma quase hipnotica. Bem de frente para a porta do quarto onde wataru estava, mas há alguns metros de distancia, na borda do circulo que os monges formavam, estava um hoeme evidentemente mais velho que Wataru,mas parecido com ele. Era seu irmão mais velho, Senri, que iria realizar o ritual (o ritual de transformação do clã nakata devia ser feito pelo homem mais velho da familia). Meio aflita, uma mulher aguardava sentada num canto do grande salão, apenas aguardando.
Os monges param de falar os mantras. Um silêncio mortal domina o ambiente. A mulher acende um incenso e o coloca no centro do circulo e se dirige à porta que ficou atras dela.
"wataru?" ela pergunta meio amedrontada, não ouvindo resposta ela pergunta novemente "Filho? está na hora."
Sem dizer absolutamente nada, wataru se levanta e caminha lentamente até o centro do circulo. Ele encara seu irmão mais velho, que o encara de volta, como se fossem iniciar um embate naquele mesmo momento. "você sabe por que está aqui! sabe por que esse ritual será diferente do que o que foi feito com seus irmãos, mas tenho uma ultima pergunta, você está pronto Nakata Wataru?" diz seu irmão com uma voz ecoante como o rugido de um tigre , sua cauda esta rigida e parada em estado de atenção. Wataru confirma com a cabeça. Os monges então começam a repetir um mesmo mantra, desconhecida para a maioria das pessoas de lótus, mesmo os mais antigos anciões do reino de Suzako.
OM SARA SUM SARA SUM DAHRA HUM MANJI OM
A cada repitição do mantra, Senri fazia um selo diferente junto com um kiai. quando ele completou os 12 selos animas e os 5 selos elementais e tocou a palma da mão no chão e olhou para Wataru. Este, estava sentado em seiza, com os braços sobre as pernas em claro estado de meditação, porém com os olhos abertos. A ação de Senri faz os kanji pintados no chão começarem a brilhar, fazendo com que os monges intensificassem o mantra. O jovem Nakata se levanta, ficando parado, e retira a parte de cima de sua vestimenta, ficando sem camisa. Seu irmão então entoa as ultimas palavras do ritual.
"Você que herdou o sangue dos tigres, ultimo filho do clã Nakata, Nakata Wataru, eu entrego a você a maior herança do nosso clão, deixada por nosso pai. Receba a benção do tigre branco, e desperte a fera que adormece em seu sangue!!!!!"
As inscrições se desgrudam no chão se instalando pelo corpo de wataru, e brilhando devido à energia envolvida no ambiente. A luz começa a ficar cada vez mais intensa, como se um sol estivesse nascendo naquele mesmo instante. Quando a luz diminui, todos observam no centro do circulo, não mais wataru, mas um enorme tigre branco, pelo menos duas vezes o tamanho de um tigre comum.
A fera parece confusa com o ambiente a sua volta. Senri olha para a mãe e faz um sinal com a cabeça. A aflita Minako se aproxima do tigre, que começa a encara-la de modo feroz. Mesmo assim, ela se aproxima do tigre,toca seu pelo e começa a conversar com ele.
"Sei que está confuso" diz ela, olhando naqueles olhos agora amarelos ."tente se concentrar, tente se lembrar. tudo o que já aconteceu, tudo o que você já passou, as pessoas que você ama, e qua amam você." O tigre, de inicio parece meio confuso ao ouvi-la dizer isso, mas não demora muito para ele começar a reagir. Minako se afasta, para evitar que algo acontecesse. O tigre se contorce de modo doloroso, para então voltar a cabeça para cima e soltar um rugido que estremeceu toda a casa do clã nakata. Ao observar a cena, não se enxerga mais o tigre, mas wataru novamente, mas agora era visivel as orelhas e a cauda, alem de garras e marcas no rosto, que evidenciavam a conclusão do ritual.
Ele ainda estava um pouco confuso, mas consegui se lembrar de tudo, parecia muito mais claro do que antes. Sentia também uma força crescendo dentro dele, mas tinha o coração muito sereno. Ao voltar os olhos para frente ele ve a mão do irmão estendida para ele. "tragam roupas novas para ele. como está se sentindo irmão?" pergunta Senri
"Diferente, um pouco confuso ainda, mas posso ver com mais clareza. e sei perfeitamente o que devo fazer, não me restam mais duvidas" diz wataru, parecia realmente mudado. Alguns criados trazem roupas novas e o ajudam a se vestir. De repente, mas de repente mesmo, antes que alguém pudesse dizer algo mais wataru parece perceber algo. "Tem algo errado. Ao sul, onde Koji e os outros moram. algo ruim, muito negro , negativo." alerta wataru. Seu irmão apenas pergunta "Você está pronto para encarar seus medos?" , o jovem nada diz, apenas sorri e sai pela porta.
[muito longe dali, serpentes negras se moviam sorrateiramente, acompanhadas por demonios, e uma figura sombria que ordenava: "encontrem aquela mulher, se a encontrarmos encontraremos a criança. nosso mestre quer ambos VIVOS!!!"]